Monitoramento fortalece conservação de animais silvestres no Parque do Rola-Moça

O monitoramento por meio de coleiras de rastreamento está fortalecendo a conservação de animais silvestres no Parque do Rola-Moça, que abrange áreas das cidades de BH, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho.

As coleiras tornaram-se um importante aliado nas ações de manejo da fauna, uma vez que registram o comportamento e a movimentação dos animais após a soltura, oferecendo dados estratégicos que orientam o trabalho de campo e fortalecem as políticas públicas de conservação da biodiversidade no Estado.

As equipes realizam capturas rápidas e seguras: o animal é sedado, passa por exames clínicos, coleta de sangue e pesagem e, em menos de uma hora, é devolvido ao local de origem, minimizando o estresse e maximizando a coleta de informações científicas.

Segundo o biólogo Joaquim Silva, coordenador do programa de monitoramento, o uso de rádio-colares representa um avanço na compreensão da ecologia de espécies de vida livre. “Os equipamentos variam em tamanho conforme o porte do animal e enviam dados via satélite quase de hora em hora, permitindo entender padrões de comportamento, deslocamento e áreas de uso”, explica.

As coleiras possuem sistema automatizado de liberação (drop-off), que se desprende do animal após até dois anos, sem causar danos.

O acompanhamento permite identificar padrões de atividade antes imperceptíveis. Os dados revelam momentos de repouso, caça ou deslocamento por diferentes tipos de vegetação, ajudando a mapear corredores ecológicos e identificar riscos, como atropelamentos e perda de habitat.

“O Parque do Rola-Moça é uma área de Cerrado muito significativa e tem a particularidade de ser um parque urbano. Esse monitoramento reforça nossa estratégia de proteção da fauna nas unidades de conservação e em suas zonas de amortecimento”, destaca a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo.

O estudo fornece subsídios para pesquisas e políticas de conservação. De acordo com o gerente do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, Henri Collet, a prioridade é preservar a integridade física e o bem-estar do animal.

Os dados coletados alimentam um banco de informações compartilhado com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), que integra uma rede nacional e internacional de especialistas. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre o comportamento e a adaptação de espécies como o lobo-guará, a jaguatirica e a onça-parda, todas presentes em Minas Gerais.

Além de apoiar pesquisas, o monitoramento contribui para o planejamento territorial e o fortalecimento das políticas ambientais.

O estudo no Rola-Moça é inédito por ocorrer em uma área sob forte pressão urbana — próxima a rodovias, empreendimentos e mineração — e busca entender como os animais desenvolvem estratégias de sobrevivência nesse contexto.

Esses dados ajudam a integrar o planejamento ambiental às realidades socioeconômicas locais, garantindo a manutenção dos ecossistemas e dos serviços ambientais essenciais ao longo do tempo.

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