Cidades mineradoras gastam 40% a mais com saúde e têm 60% mais mortes por doenças circulatórias, de acordo com relatório produzido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).
O estudo foi feito com o objetivo de entender se o recebimento de recursos da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) melhorou a qualidade da vida da população que convive com a atividade.
O relatório “Saúde pública e mineração de ferro: uma análise comparativa no Estado de Minas Gerais” comparou dados de 328 cidades sem nenhuma atividade mineradora com de 20 municípios mineiros que mais receberam os repasses: Antônio Dias, Barão de Cocais, Bela Vista de Minas, Belo Vale, Brumadinho, Catas Altas, Conceição do Mato Dentro, Congonhas, Igarapé, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu, Mariana, Mateus Leme, Nova Lima, Ouro Preto, Rio Acima, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo e Sarzedo.
Conforme o estudo, o gasto médio per capita com saúde nestas 20 cidades foi de R$ 3,5 mil, enquanto, nas cidades sem mineração, foi de R$ 2,5 mil. Além disso, os gastos com internações por problemas respiratórios destes municípios foram de R$ 1,2 mil contra R$ 886 das cidades sem mineração.
Essa elevação ocorre de forma ainda mais drástica nas internações por doenças do olho (70%), ouvido e na chamada apófise mastoide. Nesta categoria, as cidades com mineração tiveram um gasto médio de R$ 1,5 mil contra cerca de R$ 900 nos outros municípios de controle
Doenças circulatórias
A mortalidade de doenças circulatórias é 60% maior em cidades com mineração conforme o mesmo estudo.
O levantamento identificou que, nas cidades mineradoras, houve um maior tempo médio de internação por conta deste tipo de doença que ocorre no aparelho circulatório — o que inclui problemas arteriais (como hipertensão e aneurisma); venosos (trombose e varizes); e linfáticos.
Este tipo de doença levou a uma média de 6,6 dias de internação nas cidades mineradoras contra 5 nas demais. Além disso, a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes, que foi 61% maior nas cidades com mineração (8,7 contra 5,4).