Minerodutos e ferrovias no Sistema Paraopeba geram polêmica em audiência pública na ALMG

Formas de transporte do minério de ferro extraído na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) geraram polêmicas em audiência pública nesta quarta-feira, 06 de agosto, no debate do Projeto de Lei (PL) 3.402/25 na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O texto, de autoria da deputada Carol Caram, prevê limitações para o uso dessa tecnologia de escoamento de minério na região do Sistema Paraopeba. Os participantes da reunião indicaram, porém, que o objetivo da proposta pode ser beneficiar a construção de ferrovias para o escoamento do produto.

A reunião contou com a participação de representantes das mineradoras, de órgãos ambientais e de comunidades potencialmente afetadas pelos projetos de infraestrutura para transporte de minério.

De acordo com a proposição, o licenciamento para esses projetos não será concedido quando houver risco de comprometimento do abastecimento da RMBH. Além disso, é proibida a instalação dos empreendimentos nos municípios de Mateus Leme, Igarapé, Brumadinho, Belo Vale, São Joaquim de Bicas e Mário Campos, áreas diretamente relacionadas ao Sistema Paraopeba.

Autora do projeto, a deputada Carol Caram defendeu a proposta. Ela afirmou que minerodutos já instalados em Minas Gerais resultaram em três acidentes, que prejudicaram o abastecimento de água das populações locais. “Se isso acontecer na região metropolitana, serão 3,5 milhões de pessoas afetadas”, disse. A parlamentar, porém, se disse aberta ao debate de outras propostas.

Outros deputados presentes, porém, questionaram a proposição e apontaram a rapidez com que o texto tramitou. A deputada Bella Gonçalves (Psol) disse que o projeto é mais uma disputa de mercado do que uma proposta de proteção ambiental e social. Nesse sentido, as dificuldades propostas para a instalação de dutos para transporte de minério iriam favorecer a construção de ferrovias para esse fim. “Mineroduto ou ferrovia, todos os projetos preveem a ampliação da capacidade de mineração na região metropolitana”, disse.

A parlamentar indicou que a preocupação com a segurança hídrica, alegada como justificativa do PL, é válida, mas que é preciso tratar não só da quantidade, mas também da qualidade da água. Por isso, para ela, a mineração é uma atividade poluidora, que deve ser substituída por outras atividades econômicas.

Em defesa da mineração, o representante da Associação das Mineradoras de Serra Azul, Mário Cicareli Pinheiro, disse que os minerodutos atuais operam em circuito fechado. Isso significa que a água que entra no sistema é reutilizada por ele mesmo, sem precisar de captação constante. Por isso, teria baixo impacto na disponibilidade de água.

Representantes das comunidades locais, porém, disseram que os impactos negativos levam a pioras significativas na qualidade de vida das pessoas. A geóloga Daniela Cordeiro mostrou mapas da região indicando as atividades mineradoras. Ela afirmou que a quantidade e a qualidade de água disponível já foi afetada nas comunidades e isso se estenderá à RMBH.

Após os debates, o Projeto de Lei 3.402 seguirá em discussão na Assembleia Legislativa de MG.

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