Povos indígenas e quilombolas se reúnem para fortalecer resistência contra a mineração

Seis anos após o rompimento da barragem em Brumadinho, lideranças indígenas e quilombolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte se reuniram na Aldeia Nâo Xohâ – Sucupira, em São Joaquim de Bicas, para debater estratégias de resistência e fortalecer a luta por justiça e reparação.

O evento, promovido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Leste, com apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reuniu representantes de comunidades atingidas pela tragédia ambiental e pelas consequências da atividade minerária na bacia do rio Paraopeba.

Além de rodas de conversa, espiritualidade e trabalhos em grupo, o encontro foi marcado por análises da conjuntura política e social que afeta diretamente esses povos.

Durante a programação, lideranças como Marco Antônio (representante quilombola), Haroldo Heleno (coordenador do Cimi Leste) e Emmanuel Almada (da Comissão Pastoral da Terra – CPT) apresentaram dados atualizados sobre o avanço da mineração na região, com base em mapeamentos realizados pela Rede Igrejas e Mineração.

Outros temas debatidos incluíram o aumento da violência contra povos originários, especialmente os ataques aos Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, na Bahia, e a crescente pressão de setores políticos ligados à bancada ruralista para enfraquecer políticas públicas e desmontar direitos constitucionais.

Um dos frutos do evento foi o início da construção coletiva de um plano de ação conjunta entre indígenas e quilombolas para enfrentar os impactos da mineração e outros grandes empreendimentos na região.

“Esses encontros são essenciais para fortalecer alianças e renovar o compromisso com a defesa dos territórios, da vida e da dignidade dos povos”, destacou o Cimi Regional Leste em nota.

A Aldeia Nâo Xohâ – Sucupira, onde o evento foi realizado, é uma das comunidades diretamente afetadas pela tragédia de 2019. Desde então, tornou-se símbolo de resistência e reconstrução frente às violações impostas pelo Estado e por empresas mineradoras.

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